MINUTOS DE SABEDORIA COM HERON CESAR


Agosto: o mês do gosto e do desgosto


Dizem que agosto é o mês do desgosto. Talvez seja o som da palavra que amargue: agosTO. Um final seco, ríspido. Talvez seja o céu que, por aqui, ainda custa a se decidir entre o frio de julho e os primeiros sorrisos da primavera. Mas, cá entre nós, será mesmo justo condenar um mês inteiro por tradição?


Em Conselheiro Lafaiete, agosto chega com seu jeito tímido. Não faz alarde como o janeiro das promessas, nem carrega as flores de setembro. Mas se a gente reparar bem, ele tem seu charme. Nas manhãs ainda frias que convidam ao café coado com pão de queijo, nos fins de tarde que já ensaiam um pouco mais de sol — e nas pessoas, que continuam vivendo, sonhando, gostando.


Agosto pode sim ter desgosto. Afinal, ninguém está imune aos dias difíceis. Mas ele também tem gosto. Gosto de amar, de sorrir, de encontrar um amigo na praça Tiradentes, de olhar as montanhas que cercam a cidade e lembrar que a vida, apesar dos pesares, segue bonita.


E é disso que eu gosto: de ver o tempo passar com a esperança quieta de quem sabe que o que vale mesmo é... gostar. Gostar da vida simples, do cheiro da terra molhada, do som do sino da igreja ao longe. Gostar dos dias que se repetem porque neles, com sorte, mora a paz.


Então, que venha agosto. E que venha com gosto.